Transtornos Alimentares na Infância: Quando a Relação com a Comida Vira Sofrimento
A infância, muitas vezes idealizada como uma fase leve e despreocupada, também pode ser cenário de dores silenciosas, e entre elas, os transtornos alimentares (TAs) ganham espaço de forma preocupante. Ainda cercados por tabus e estigmas, os TAs na infância exigem um olhar atento, sensível e informado.
Neste artigo, queremos conscientizar, desmistificar e, sobretudo, acolher. Porque toda criança merece crescer livre de culpa à mesa e em paz com seu próprio corpo.
Quando Comer Vira Sofrimento
É natural que crianças passem por fases de seletividade alimentar, recusem certos alimentos ou tenham preferências peculiares. Mas quando a alimentação deixa de ser fonte de energia e afeto, e passa a ser fonte de angústia, controle ou punição, algo mais profundo pode estar acontecendo.
Transtornos como a anorexia nervosa, bulimia nervosa e o transtorno de ingestão alimentar restritiva/evitativa (ARFID) já podem se manifestar na infância, com impactos sérios para o desenvolvimento físico, emocional e social da criança.
Sinais e Sintomas de Alerta
Nem sempre os sinais são óbvios, mas eles existem. Aqui estão alguns dos principais indicativos de que algo pode estar fora do esperado:
- Evitar comer em público ou com outras pessoas
- Preocupação excessiva com o corpo ou peso, mesmo em idades muito jovens
- Perda significativa de peso ou crescimento abaixo do esperado
- Rituais alimentares estranhos (como cortar a comida em pedaços minúsculos ou esconder alimentos)
- Comportamentos compulsivos como comer em excesso e depois provocar vômitos
- Medo irracional de novos alimentos ou restrição severa da dieta
- Baixa autoestima e isolamento social
Esses sinais não devem ser ignorados ou minimizados como "frescura", "manha" ou "fase".
A Importância da Intervenção Profissional
Transtornos alimentares não se resolvem com “boa vontade” ou “correção de comportamento”. Eles exigem avaliação cuidadosa e uma abordagem multidisciplinar, envolvendo psicólogos, nutricionistas, pediatras e, muitas vezes, psiquiatras.
O quanto antes a criança receber acompanhamento adequado, maiores as chances de recuperação e menor o risco de sequelas a longo prazo.
Romper o Estigma é Parte da Cura
Ainda há muito preconceito em torno dos TAs, especialmente quando acometem crianças. Muitos pais sentem culpa, medo de julgamento, ou até mesmo vergonha de procurar ajuda. É essencial entendermos que os transtornos alimentares não são falhas de caráter ou fraquezas familiares. São quadros clínicos complexos, com origens multifatoriais: genéticas, emocionais, sociais e culturais.
Falar abertamente sobre o tema é o primeiro passo para a mudança. Conscientizar é cuidar. Desmistificar é proteger. Acolher é tratar.
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