Pela Equipe técnica da PortalPsic

Introdução  

A avaliação neuropsicológica é essencial para identificar déficits cognitivos, especialmente em funções como memória visual, percepção espacial e habilidades construtivas. Dois testes amplamente utilizados para essa finalidade são o Teste de Figuras Complexas de Rey (TFCR) e o Teste de Retenção Visual de Benton (BVRT).  

 

No entanto, em situações em que o TFCR está desfavorável no SATEPSI, indisponível ou seu uso é desaconselhado (como em casos de pacientes com dificuldades motoras ou tempo limitado de avaliação), o BVRT pode ser uma alternativa viável. Neste artigo, exploraremos as semelhanças e diferenças entre esses instrumentos e discutiremos quando o Benton pode substituir o Rey de forma eficaz.  

 

O Teste de Figuras Complexas de Rey (TFCR), desenvolvido por André Rey em 1941, avalia:  

· Memória visual (reprodução imediata e tardia)  

· Habilidades visuoespaciais e construtivas

· Estratégias de cópia (abordagem global vs. detalhista)  

Sua aplicação é comum em casos de lesões cerebrais, demências e TDAH, mas sua complexidade pode ser um obstáculo para alguns pacientes, especialmente idosos ou aqueles com comprometimento motor.  

 

O Teste de Retenção Visual de Benton (BVRT), criado por Arthur Benton na década de 1950, o BVRT avalia:  

· Memória visual imediata

· Percepção espacial  

· Habilidades visuoconstrutivas  

Diferentemente do TFCR, que exige a reprodução de uma única figura complexa, o BVRT apresenta múltiplos desenhos geométricos em sequência, com variações de dificuldade. Sua aplicação é mais rápida e menos dependente de habilidades motoras finas.  

 

Quando o BVRT Pode Substituir o TFCR?  

Embora os testes não sejam idênticos, o BVRT pode ser uma alternativa válida em situações como:  

1. Pacientes com dificuldades motoras (ex.: Parkinson, AVC) – O TFCR exige traços mais precisos, enquanto o BVRT tem figuras mais simples.  

2. Tempo limitado de avaliação – O BVRT pode ser aplicado em menos tempo.  

3. Pacientes idosos ou com baixa escolaridade – Figuras mais simples reduzem a frustração.  

4. Rastreio inicial – Se o objetivo é apenas avaliar retenção visual, o BVRT pode ser suficiente.  

 

Limitações e Considerações

· O TFCR avalia estratégias cognitivas (organização global vs. detalhes), enquanto o BVRT foca mais na retenção pura.  

· O BVRT não substitui totalmente o TFCR em casos que exigem análise de planejamento visual.  

· Normatizações diferentes – É preciso ajustar a interpretação conforme a população avaliada.  

 

Conclusão

O BVRT pode ser uma alternativa eficaz ao TFCR em contextos específicos, especialmente quando a complexidade do Rey é um empecilho. No entanto, a escolha deve considerar os objetivos da avaliação e as limitações do paciente, assim como a possibilidade de utilização do instrumento.  

Profissionais devem ponderar as diferenças entre os testes e, se necessário, utilizar ambos de forma complementar para uma análise mais abrangente das funções visuoespaciais e de memória.